segunda-feira, 9 de junho de 2008

Paris, começando pelos hits


Quando estava no trem, indo pra Paris, ela não chegava nunca. Paris parecia brincar de esconde-esconde com o trem. De repente, sem me avisar, ela surge e me abraça. Desembarquei na Gare d'Austerliz e fiquei uma hora parado olhando tudo e todos. Depois de um curso rápido de francês no Brasil, enfim! iria pronunciar minha primeira frase para um nativo da França, quer dizer, já tinha soltado um Je vudrais un café, s'il vous plaît, na estrada, em Lyon, mas agora eu ia ter que perguntar sobre direções, lugares, nomes de ruas e etc... deu tudo certo, ele me compreendeu perfeitamente e até agora está assim.

Paris é uma cidadre veloz. Venho de uma cidade muito veloz, São Paulo, mas Paris tem seu jeito próprio de correr e parece ainda mais rápida. Tem sempre um Francês te pedindo passagem ou fechando a sua. Eles, todos os dias, desesperadamente, entram e saem dos trens de metrô como se tivessem apenas um dia pra resolver tudo, pra viver. Correm, correm, são práticos e ligeiros. Mas em contrapartida, quando termina o expediente parisiense, eles lotam os cafés (Brasseries) e se esquecem completamente de si mesmos e do mundo, em seus livros, jornais, cruzadas. Não dispensam o champagne ou uma taça de vinho e suas cigarrilhas e charutos (cigar). Ficam lá, elegantes, lânguidos, orgulhosos do lugar em que vivem. Como eles mesmo gostam de dizer Vivez sans limete.

Paris é uma cidade para muitos dias. Ela te seduz toda manhã, não pelos monumentos, sua história, sua beleza, seu charme, mas pelo dia a dia francês. A rotina muda sempre, é romantica, poetica, carismática, rica de conhecimentos. E essa história de Francês ser grosso, mal-educado, afobado, é lenda. De dez franceses que abordei nas ruas, posso dizer, sem exagero, que onze foram gentis, e muito gentis comigo, homens e mulheres, tanto faz. Eu os abordo em francês, eles gostam mais, é claro! mas quando a comunicação fica complicada, eles mesmos, gentilmente, passam a falar em inglês.

Eu entendo um pouco eles. A língua é linda. O segredo está no som, na entonação e como já disse, eu acho-a bela, sofisticada, poética e boa de se ouvir. Se voce diz Le bus (lê-se Le bis, um som entre o "i" e o "u") e se não faz o biquinho, eles não sabem que voce quer dizer, ônibus. Tem que fazer biquinho, não adianta, esse é o grande segredo da compreensão no diálogo. Com o tempo voce relaxa e sai naturalmente, tanto o biquinho, quanto o "R" puxado e forte do Très Bien.

Paris é realmente mágica, mas nem tudo é festa, depois conto porque.

até breve.

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